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Writer's picturePatricia Kromer

Uma história sobre Mindfulness & Parentalidade



Há muito tempo atrás, eu não era a mãe que tinha sonhado ser. Não considerava que tivesse paciência suficiente para o meu filhote, por exemplo. Não percebia o suficiente sobre o desenvolvimento biológico de uma criança. Não sabia sobre o desenvolvimento cerebral das crianças e consequentemente o que elas estavam prontas para realizar emocionalmente ou não. A relação entre mim e o meu filho não era pacífica, havendo conflitos regularmente. Mas quando me apercebi que queria construir uma boa e estreita relação com os meus filhos como mãe e pessoa, virei-me para o mindfulness (atenção plena). E hoje como mãe, pude usar na prática a atenção plena!

Deixa-me contar a história do que aconteceu:

O meu filho veio da escola a chorar. Fez um teste e sentiu que não teria uma boa nota como habitualmente. "É tudo por causa do meu dedo. Dói-me, e eu não posso escrever bem, mãmã.” Quando vi o dedo, parecia quase normal, mas um pouco inchado. O meu primeiro pensamento e sentimento foi: "Ele está a tentar encontrar uma desculpa para ter uma nota mais baixa." A nota escolar baixa não me chateia (ele é bom aluno), mas a sensação de se "desculpar" deixou-me irritada. Felizmente, antes de dizer algo, tive um momento de atenção plena em que percebi como estava prestes a culpá-lo por encontrar uma desculpa para uma nota num teste, antes mesmo de saber a nota! Decidi focar a minha atenção para o que observava, enquanto carinhosamente pus a minha mão no ombro dele: "Pareces triste e desapontado. E estás a chorar." Fiquei depois em silêncio e quieta. Ao fazê-lo, dei-lhe espaço suficiente para que ele pudesse falar e chorar. Algum tempo depois, seguimos em frente com as nossas vidas.

Apercebendo-me de que ele poderia estar a medir-se como pessoa pela sua nota no teste, virei-me para ele, dizendo-lhe: "Quero que saibas que uma nota só traduz se estudaste o suficiente, se sabes muito ou pouco sobre o tema escolar; ou se como estudaste não te ajudou a saber tão bem sobre o tema do teste. As tuas notas não te definem. Tu és muito mais do que um teste escolar. O teu valor não é mensurável. É infinito. Tu tens sempre valor, independentemente do que acontecer. O meu amor não é afetado por uma nota. Amo-te porque tu, és tu."

Enquanto nos abraçávamos, senti uma imensa gratidão por todos os autores dos vários livros que li ou vídeos que vi sobre paternidade. Ao mesmo tempo, estava tão grata pela minha prática de atenção plena, porque me permitiu reconhecer o que se passava dentro de mim. Grata por praticar a pausa consciente e depois agir de acordo com o que o meu coração sentia, agindo com base no amor que sinto por ele, invés de agir com base na energia da culpabilização.

Talvez te perguntes se sou sempre assim. Não, sou humana. Às vezes, falo coisas de que me arrependo mais tarde, sendo mindful depois. Mas tento lembrar-me de que eu faço o meu melhor com os recursos que tenho naquele preciso momento. Como mãe, o meu caminho é o da aprendizagem, enquanto cresço pessoalmente. E eu estou tão grata pelos ensinamentos que os meus filhos me trazem.


Toma bem conta de ti,

confiando no teu coração,

Patrícia


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